sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

inside out!

a tela em branco assusta-me...

não sei se por eu ter medo de escrever e de que seja obsoleto ou desinteressante ou ridículo o que tenho para dizer;

ou talvez pelo receio de me confrontar em público e sem escapatória com os meus pensamentos e emoções (aqueles que vão ficando meio velados por entre as palavras postadas, mas que moem a alma). Já repararam como há coisas que parecem muito mais reais depois de terem sido ditas?

ou ainda se por saber que há realmente alguém que vá ler o que escrevo.


... mas então para quê criar um blog?


é como com as páginas vazias (aquelas, de papel...):

sempre me deixaram desconfortável e muitas vezes fujo delas até não poder controlar mais a vontade de lhes gritar o que sinto! o que vejo e preciso de anotar! (sim, também para mais tarde recordar.) é um lançar o braço à procura de agarrar não sei muito bem o quê, é uma atracção para fora de mim mesma - dar corpo a imagens e palavras que flutuam dentro de uma cabeça às vezes confusa demais para saber aquilo que quer.

tenho visitado muito bons blogs, de gente que nem sequer conheço, mais provavelmente que nunca conhecerei... e alegra-me ver que dão tanto som, cheiro, cor, textura e paladar às palavras. estabelecem uma fasquia muito alta, esses potentados da prosa, e como eu os invejo na fluidez com que se lhes expressa a pena (ou as teclas)! quase parece que nunca sentem os pensamentos passarem demasiado depressa na mente antes que consigam fixá-los num suporte qualquer... cobiço-lhes a desenvoltura e o estilo.


normalmente a minha primeira tentativa serve apenas para "desenferrujar" e (com muita frequência!) acaba na tina dos rejeitados... por estar desajeitadamente espartilhada pela forma idealizada.

o esboço do 1º post para este blog não se desprendeu desta regra censória... a tela em branco aguardava uma "introdução" que foi ficando como draft durante uns meses, à espera do meu afecto, para a postar. hoje descartei-a e inesperadamente enfrentei uma nova tela vazia para dizer isto. não sei se alguém vai conseguir destrinçar tudo aquilo a que me refiro em palavras tão inábeis, ou sequer valorizar o que aqui ficou, mas pelo menos adiantei-me à minha própria censura destrutiva... e isso já vale o que vale!

afinal, este blog poderá ser um exercício de disciplina* de meditação sobre mim, os outros, o mundo, tudo e nada... e mais ainda como tentativa de corporalização do meu mundo interior, um desabafo... e, espero, um encontro com as esferas pessoais dos outros.


(* d i s c i p l i n a, uma palavra conservadora e pesada, mas que tenho de dizer em voz alta, talvez para que se torne mais real em mim e contribua para tudo o que acho que podia fazer melhor e que tenho de aprender, fazendo!)


Agora já posso dizer "Olá e sejam bem-vindos!"